Projeto premiado pela Sociedade Portuguesa de Ginecologia explora o metabolismo da doença e abre portas a novos diagnósticos e terapias.

O projeto “Decoding Endometriosis Metabolism: would Glycolytic pathway be the solution for an ancestral enigma?”, liderado por Cristina Nogueira Silva, médica ginecologista e obstetra do Hospital de Braga, recebeu a Bolsa de Investigação da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG).

A distinção, atribuída no ano em que a SPG celebra o seu 50.º aniversário, reconhece o caráter inovador e translacional desta investigação que visa aprofundar o conhecimento sobre a endometriose, uma doença ginecológica crónica que afeta cerca de 10% das mulheres em idade fértil — estimando-se que atinja 190 milhões de mulheres em todo o mundo.

Cristina Nogueira Silva explica que, apesar da elevada prevalência, a fisiopatologia da endometriose continua pouco compreendida, o que compromete o desenvolvimento de tratamentos eficazes e personalizados. O estudo explora as alterações metabólicas no tecido endometriótico, comparando-as com o chamado “efeito Warburg”, observado em certos tipos de cancro.

O projeto é desenvolvido em parceria com Catarina Sobral, médica interna da mesma unidade hospitalar, e conta com a colaboração de investigadores do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS) da Universidade do Minho, bem como do Hospital da Luz Lisboa e Hospital da Luz Arrábida.

Entre os objetivos principais estão:

  • Identificar vias metabólicas alteradas no tecido afetado;
  • Comparar tecido endometriótico com endométrio saudável;
  • Estudar a expressão de proteínas envolvidas no metabolismo da glicose;
  • Avaliar o potencial terapêutico de fármacos que atuem sobre essas vias, como já se faz em contextos oncológicos.

“Queremos desenvolver biomarcadores para diagnóstico precoce e abrir caminho a tratamentos mais eficazes, focados nos mecanismos da doença e não apenas no alívio dos sintomas”, sublinha Cristina Nogueira Silva.