A FIFA alterou os planos do grupo de trabalho constituído para estudar os impactos de atuais e futuras competições internacionais, nomeadamente o Mundial de Clubes. A UEFA respondeu: o seu presidente, Aleksander Ceferin, e Tiago Craveiro, CEO da Federação Portuguesa de Futebol, retiram-se da “task force”, onde estavam em representação do organismo europeu, assim como outros “pesos pesados”.
A alteração de planos por parte da FIFA no grupo de trabalho que estuda as competições internacionais implicará desde já um formato de representatividade diferente na “task force” anunciada no final de outubro e para a qual estava apontado Tiago Craveiro, CEO e diretor-geral da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
Confirmada por Jornal “O JOGO”, que teve acesso a documentos sobre a matéria e a fontes ligadas ao processo, a alteração de planos determinada pela FIFA, nomeadamente a saída do seu presidente, Gianni Infantino, do grupo, obrigou a UEFA – e as restantes confederações continentais – a reformular o número de representantes selecionados para a “task force”, reduzido de cinco para três. A UEFA optou então por nomear apenas alguns dos seus executivos, retirando de cena o próprio líder do organismo europeu, Aleksander Ceferin.
Neste caso, trata-se uma espécie de retaliação pelo facto de o presidente da FIFA ter deixado de fazer parte com intervenção direta nos trabalhos, conforme o próprio tinha anunciado, passando o grupo a ser presidido pelo antigo internacional croata Zvonimir Boban, secretário-geral adjunto da entidade que tutela o futebol mundial.
Por outro lado, e porque a UEFA entendeu que apenas se fará representar pelos seus executivos, além de Tiago Craveiro, que fora nomeado especialmente por Ceferin, deixam de fazer parte outros dois nomes anteriormente apontados: Andrea Agnelli (presidente da Juventus e da ECA – Associação Europeia de Clubes) e Richard Scudamore (presidente da liga inglesa e representante da European Leagues).
Fonte ligada ao processo referiu a O JOGO que os quatro “pesos pesados” que agora se retiram continuarão a ditar a estratégia da UEFA na “task force”.
Mais um episódio na “guerra fria”
Este é mais um episódio no corrente braço de ferro entre a FIFA e a UEFA. Recordamos que o grupo de trabalho proposto pela FIFA resultou da pressão da UEFA, das federações e ligas europeias aquando do anúncio, pela FIFA, em maio, da intenção de alterar significativamente as competições internacionais, o que motivou ampla discordância por parte da instituição europeia, assim como das ligas profissionais e dos principais clubes.
Em maio, a FIFA revelou a pretensão de criar uma Liga das Nações a disputar ao longo de dois anos por mais de 200 seleções, assim como a reformulação do modelo competitivo do atual Mundial de Clubes, que junta anualmente sete equipas, das sete confederações continentais; a ideia seria transformá-lo numa competição de quatro em quatro anos, disputada por 24 equipas. Uma alteração que, por exemplo, teria impacto na mais recente e estreante competição da UEFA, a Liga das Nações, cuja final-four se disputará em junho de 2018, em Portugal, e cuja fase de grupos teve, segundo a UEFA, um sucesso assinalável.