As declarações ocorreram durante o funeral do general Qassem Soleimani, ao qual acorreram milhares de iranianos.

entenas de milhares de iranianos ocuparam as ruas de Teerão, no Irão, esta segunda-feira para o funeral de Qassem Soleimani, o líder de uma das brigadas de elite da Guarda Revolucionária Iraniana, que foi morto num ataque de drone, ordenado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, na passada sexta-feira.

A sua filha Zeinab Soleimani usou o momento para, num discurso feito na televisão estatal, garantir que a morte do pai iria trazer um “dia negro” para os Estados Unidos. “Trump louco, não penses que ficou tudo terminado com o martírio do meu pai”, atirou.

“As famílias dos soldados norte-americanos no oeste da Ásia (…) passam o dia à espera da morte dos seus filhos”, disse Zeinab.

O caixão do general considerado um herói nacional entre vários iranianos e do líder da milícia iraquiana, também morto na sexta-feira no aeroporto de Bagdad, foi passado entre as multidões que marcaram presença no adeus, com muitos dos presentes a gritarem: “Morte à América”.

Ainda durante o funeral, o líder supremo iraniano, o aiatola Ali Khamenei, liderou as orações e foi visto a chorar.

A escalada da tensão na região teve início quando o general Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Al-Quds, morreu na sexta-feira num ataque aéreo contra o carro em que seguia, junto ao aeroporto internacional de Bagdade, ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

No mesmo ataque morreu também o ‘número dois’ da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, Abu Mehdi al-Muhandis, conhecida como Mobilização Popular [Hachd al-Chaabi], além de outras oito pessoas. O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e só terminou quando Donald Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.

O Irão prometeu vingança e anunciou no domingo que deixará de respeitar os limites impostos pelo tratado nuclear assinado em 2015 com os cinco países com assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas – Rússia, França, Reino Unido, China e EUA – mais a Alemanha, e que visava restringir a capacidade iraniana de desenvolvimento de armas nucleares. Os Estados Unidos abandonaram o acordo em maio de 2018.

No Iraque, o parlamento aprovou uma resolução em que pede ao Governo para rasgar o acordo com os EUA, estabelecido em 2016, no qual Washington se compromete a ajudar na luta contra o grupo terrorista Estado Islâmico e que justifica a presença de cerca de 5.200 militares norte-americanos no território iraquiano.