Agora basta ver um filme ou uma série durante escassos minutos para contar como visualização. “É literalmente absurdo”, diz um analista. Nessa métrica, The Witcher foi vista por 76 milhões de contas no primeiro mês de exibição.

A Netflix divulgou os seus resultados aos seus accionistas, mas também apimentou os dados com a habitual dose de audiências das séries e filmes mais recentes, que são medidas apenas pela própria Netflix. E se coroou a série de fantasia The Witcher como a sua nova recordista como a melhor estreia de sempre, revelou também que mudou a forma como faz as contas ao que considera uma visualização. Agora basta contactar dois minutos com um filme ou série para contar para os dados da plataforma de streaming.

De acordo com os dados revelados, na madrugada de terça para quarta-feira, pelo serviço norte-americano pioneiro no mercado do streaming, este continua líder em subscrições com 167 milhões de assinaturas mesmo depois de a sua concorrência ter aumentado – no último trimestre de 2019 entraram na luta do streaming o Disney+ ou a Apple TV+, mas também quando a Netflix estreou O Irlandês, de Martin Scorsese, por exemplo.

Mas foi quando revelaram que The Witcher, a aposta-tipo-A-Guerra-dos-Tronos da Netflix está a tornar-se no lançamento de uma nova série mais bem-sucedido de sempre que a estranheza se instalou. Não tanto pelo título em causa, protagonizado por Henry Cavill, mas porque alocado ao número de 76 milhões de contas que “viram” os oito episódios de The Witcher no primeiro mês vinha, numa nota de rodapé do pacote de dados entregue aos jornalistas, a nova forma de contabilizar visualizações.

Até aqui era preciso ver 70% de um conteúdo – 70% de um episódio de uma série ou 70% de um filme, por exemplo – para que uma subscrição (que pode envolver mais do que uma pessoa, seja num dado lar seja pela partilha de passwords) contasse como um espectador desse título. Agora, consideram que dois minutos “é tempo suficiente para indicar que a escolha foi intencional”, como cita a revista Hollywood Reporter. “A nossa nova metodologia é semelhante à do BBCiPlayer nos seus rankings baseados em ‘pedidos’ pelo título em causa, à do New York Times para os seus artigos ‘mais populares’ que inclui pessoas que abriram os artigos,  e à do YouTube para contar visualizações”, diz a empresa no relatório.