O Ministério Público deduziu acusação contra um médico do Hospital Senhora da Oliveira, em Guimarães, imputando-lhe um crime de homicídio por negligência. Em causa está a morte de um paciente, ocorrida na noite de 27 de fevereiro de 2015, após ter tido alta hospitalar assinada pelo médico arguido.
O paciente deu entrada no Serviço de Urgência do Hospital de Guimarães na manhã daquele dia, queixando-se de dores abdominais severas, com quinze dias de evolução. Realizou uma radiografia abdominal que o médico viu antes de lhe dar alta, mas o Ministério Público crê que o procedimento não foi o correto. “O arguido não analisou cuidadamente, nem interpretou de forma correta, a radiografia abdominal que a vítima fizera no Serviço de Urgência”, refere a Procuradoria-Geral Distrital do Porto, em nota tornada pública ontem ao final do dia.
A radiografia apresentava “imagens sugestivas de pneumoperitoneu, a qual, conjugadamente com os restantes sintomas, impunha a realização de um TAC como exame complementar de diagnóstico”, refere a mesma nota. Caso tivesse sido feito o TAC, “seria seguramente detetada a existência de uma peritonite por perfuração de víscera oca à vítima e, consequentemente, teria sido realizado procedimento operatório imediato”, entende o Ministério Público.
O paciente teve alta às 10.47 horas e acabou por morrer às 22.41 horas, em casa. A autópsia revelou que morreu de peritonite após se ter agravado o seu estado de saúde. A peritonite é a inflamação do peritónio, o revestimento da parede interior do abdómen e dos órgãos abdominais. Os casos mais ligeiros da patologia são resolvidos com antibióticos, ao passo que os estados mais severos precisam de cirurgia.