Especialistas defendem abertura de creches e pré-escolar no início de março

Um grupo de especialistas considera, em carta aberta, que as creches e o ensino pré-escolar podem abrir já em março, sem que isso afete o combate à covid-19.

“É possível manter a pandemia sob controlo mantendo as escolas abertas, desde que com as devidas precauções”, lê-se numa carta aberta subscrita por dezenas de especialistas de diversas áreas, entre os quais o virologista Pedro Simas, o epidemiologista Henrique Barros e o professor em Economia da Saúde Pedro Pita Barros.

“A escolha entre a vida dos mais velhos e a educação das crianças e jovens é um falso dilema”, lê-se na missiva, publicada esta terça-feira no jornal “Público”. No texto, os especialistas argumentam que “as escolas não são contextos relevantes de infeção”, defendendo a abertura das creches e pré-escolar, no início de março, e depois o regresso faseado dos alunos do 1.º e 2.º ciclos.

Os signatários defendem medidas para o regresso às aulas, como o desfasamento dos horários, a substituição dos professores de risco e o uso da máscara obrigatório a partir dos seis anos. Conjugadas com a vigilância de contágios nas escolas e pela criação de espaços para se fazerem os testes rápidos de antigénio implicam um custo “infinitamente menor” do que manter as escolas fechadas, argumentam.

O documento, endereçado ao primeiro-ministro, António Costa, e aos ministros da Educação e da Saúde, e ainda ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pede, ainda, o regresso ao ensino presencial, no início de março, de “todas as crianças e jovens beneficiários da Ação Social Escolar, sinalizadas pelas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens, ou para as quais a escola considere ineficaz o ensino à distância e estejam em risco de abandono escolar”.

Os signatários, entre os quais várias dezenas de pediatras, psiquiatras e professores, sustentam que Portugal “é um dos países da União Europeia com menos condições para ensino à distância” e recordam que o encerramento de escolas pode acarretar, caso se prolongue, o “aumento de problemas psicológicos e psiquiátricos das crianças e jovens (depressão, ansiedade, perturbação alimentar, auto-lesões…)”.