O cónego José Paulo Abreu, deão do Cabido da Sé de Braga, disse à Agência ECCLESIA que a Semana Santa vai ser vivida com outro silêncio e intensidade, no contexto da pandemia, mesmo sem as tradicionais procissões. A aposta é oferecer um itinerário de reflexão e interioridade.
A Semana Santa em Braga, caracterizada pelas suas grandes procissões noturnas que envolvem muitos figurantes e conduzem à cidade centenas de turistas, volta a adaptar-se à pandemia, apostando na programação digital.
Em entrevista à Renascença, o presidente da Comissão da Quaresma e Solenidades da Semana Santa de Braga, cónego Avelino Amorim, afirma que a nível celebrativo são mantidas todas as celebrações da catedral, “mediante todas as normas observadas, seja pelas normas da Conferência Episcopal, seja também com as indicações das autoridades saúde”.
Já em termos culturais foi preparado “um programa alternativo” tendo em conta que não se podem realizar iniciativas que promovam aglomerados de pessoas.
De acordo com o presidente da Comissão da Semana Santa de Braga, cónego Avelino Marques Amorim, todo o programa vai abordar “a dimensão catequética, a história e os principais quadros” das procissões.
No dia 31 de março, data do cortejo bíblico “Vós sereis o meu povo”, conhecido popularmente como a Procissão da Burrinha, organizada pela Junta de S. Victor, irá ter lugar uma dessas transmissões, na qual serão mostrados os quadros da procissão, para além da exposição do andor de Nossa Senhora e da Senhora das Angústias na Igreja de São Victor.
O momento vai procurar mostrar “quadro a quadro, aquilo que seria a procissão”, explicou o presidente da junta de freguesia, Ricardo Silva, na apresentação do programa da Semana Santa.
Já a Santa Casa da Misericórdia de Braga vai adaptar as suas igrejas para transmitir algumas das cerimónias litúrgicas, continuando os lausperenes quaresmais sempre que possível.
Em termos culturais, o destaque vai para o lançamento do livro “A Semana Santa em Braga”, no dia 31 de março, no Espaço Vita. A obra conta com textos de Rui Ferreira e fotografias de Hugo Delgado.
Segundo o presidente da Comissão da Quaresma e Solenidades da Semana Santa de Braga, apesar das contingências, o programa “mantém a amplitude, a dignidade e a solenidade” que caracterizam a Semana Santa de Braga.
“A Semana Santa é um marco incontornável da vida da nossa cidade e mesmo nas circunstâncias atuais e com a passagem para os meios digitais, a nossa Semana Santa continua a ser um fator de agregação e de união de todos os cidadãos e instituições que trabalham em prol do desenvolvimento da cidade”, destacou o presidente da autarquia, Ricardo Rio, durante a apresentação do evento, que também decorreu em formato digital.
Na sua intervenção, o autarca lembrou que a Semana Santa de Braga assenta na dimensão religiosa, na promoção turística, na afirmação de uma identidade comunitária e na diversidade de uma programação cultural que cada vez mais está associada às celebrações.