Produtores de leite depositaram, esta sexta-feira, um fardo de palha à porta de um supermercado em Barcelos, em protesto contra os “preços baixos” pagos ao agricultor.
“Com esta ‘oferta’, queremos protestar contra os preços baixos do leite, alertar para o aumento dos custos de produção que nos estão a arruinar e desafiar o Pingo Doce a dar o exemplo, parando com a desvalorização do leite e pagando um preço justo aos agricultores”, refere a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) em comunicado.
A ação decorreu em Barcelos por aquele ser o concelho maior produtor de leite no país, explica.
A APROLEP diz que os produtores estão a suportar, desde 2020, aumentos entre 20 a 30% no preço da ração e mais recentemente nos restantes fatores de produção, como a eletricidade, os combustíveis e os adubos, cujo preço já está acima do dobro em relação ao verão.
No entanto, acrescenta, só em outubro é que conseguiram um “pequeno aumento” de 1,5 cêntimos por litro de leite das principais indústrias.
“É um valor insuficiente. Precisamos de mais cinco cêntimos de aumento com urgência, com o objetivo de atingir 40 cêntimos por litro de leite pago ao agricultor”, reclama a associação.
Diz ainda que os agricultores que fornecem o Pingo Doce “tiveram um aumento inferior, apenas um cêntimo, apesar de o grupo Jerónimo Martins ter uma fábrica onde transforma o leite e embala as suas marcas próprias, o que lhe permite controlar todo o percurso do prado à prateleira do supermercado”.
Por isso, considera a associação, o Pingo Doce “não pode desculpar-se com outras indústrias pelo preço baixo que os seus fornecedores recebem”.
“É um preço injusto, que não permite pagar os atuais custos de produção. Sabe mal receber tão pouco”, lê-se ainda no comunicado.
Assim, a APROLEP desafia o Pingo Doce a “parar com as promoções que desvalorizam o leite e ser o primeiro a pagar um preço justo aos agricultores”.