O ex-banqueiro, João Rendeiro foi encontrado morto nas últimas horas dentro da cela na prisão onde se encontrava na África do Sul, avança a ‘CNN Portugal’.
Segundo a estação, as autoridades locais ainda estão a investigar as circunstâncias da morte, que teve lugar na cadeia de Westville, em Durban.
Em declarações à Multinews, o advogado António Pinto Pereira já reagiu à notícia da morte de Rendeiro. “Lamento profundamente a sua morte, é um cidadão português, mas há que esclarecer em que condições é que morreu na cadeia”, disse.
“Isto só vem confirmar o que sempre disse, que seria melhor, na situação em que se encontrava, regressar a Portugal, entregar-se às autoridades voluntariamente e cumprir a sua decisão condenatória”, defende.
O advogado considera que “este é o seu país e aqui tinha muito mais condições de se defender e proteger do que no pior e mais populoso estabelecimento prisional da África do Sul, onde era evidente que não teria nem condições de saúde, nem de segurança”.
“Mas foi uma teimosia, ele quis afrontar as autoridades portuguesas e judiciais, o Presidente da República, pois considerava-se em certa medida uma pessoa que estava acima do mundo e da própria lei, considerava-se intocável e o seu desfecho acabou por ser este: no fim, não conseguiu nada e perdeu a vida”, lamentou.
Questionado sobre o que acontece agora com os crimes de que era acusado, o responsável sublinha que “a responsabilidade criminal cessa com a morte do arguido, a parte criminal termina”.
“Quanto às questões relacionadas com os acessos de pagamento, os tribunais depois continuarão a fazer os seus acertos de contas, na sequência dos problemas financeiros dos bancos envolvidos, mas as dívidas pessoais também cessam com a morte das pessoas”, explica.
Recorde-se que Rendeiro foi detido a 11 de dezembro de 2021 na África do Sul, após ter fugido de Portugal.
O ex-banqueiro estava preso numa cela com 80 metros quadrados e 50 reclusos, há cerca de seis meses, enquanto decorria o processo de extradição, ao qual se opunha.
Em causa para a sua detenção no ano passado está processo do Banco Privado Português (BPP), em que é arguido.
O ex-banqueiro foi condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do BPP, tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros.
Das três condenações, apenas uma já transitou em julgado e não admite mais recursos, com João Rendeiro a ter de cumprir uma pena de prisão efetiva de cinco anos e oito meses.
João Rendeiro foi ainda condenado a 10 anos de prisão num segundo processo e a mais três anos e seis meses num terceiro processo, sendo que estas duas sentenças ainda não transitaram em julgado.
O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, aconteceu em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa.
O BPP originou vários processos judiciais, envolvendo crimes de burla qualificada, falsificação de documentos e falsidade informática, assim outro um processo relacionado com multas aplicadas pelas autoridades de supervisão bancárias.