Comerciantes dividem-se entre os que concordam e os que pensam que vão ficar arruinados.

O presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança anunciou, na última reunião do executivo, a intenção de fechar as ruas do centro ao trânsito em 2024. O projeto está a ser elaborado pela Divisão do Centro Histórico e deve ser tornado público brevemente.

Pelo que foi sendo adiantado pelo próprio Domingos Bragança, pretende-se fechar as ruas do centro histórico classificado pela UNESCO como Património da Humanidade e artérias adjacentes, casos da Alameda de São Dâmaso, da Rua de Santo António e de uma parte do Largo do Toural.

O autarca já disse que a situação não carece de qualquer estudo, porque “todas as cidades que fecharam ao trânsito beneficiaram e cresceram muito no comércio”. O projeto, que deve contemplar o nivelamento das ruas com os passeios, está a cargo da Divisão do Centro Histórico e deve ser apresentado em breve.

Entre os comerciantes, as opiniões dividem-se entre os que são a favor e os que acham que ficarão arruinados. Fernando Guimarães, armeiro, com porta aberta há 62 anos na Rua da Rainha, frisa que, se cortarem o trânsito, tem de fechar. “Vendemos muitas caixas de munições, pesadas. Também vendemos cofres, obrigatórios para quem tem armas. Não estou a imaginar os clientes a saírem daqui com um cofre de 80 quilos às costas”, diz.

Queiroz Castro, da Casa das Novidades, é “completamente favorável ao encerramento ao trânsito” e acha que este é o momento para avançar. “A situação do comércio no centro histórico é tão trágica que não temos nada a perder”, desafia, considerando que “Guimarães está a marcar passo” por não ter ainda feito nada nesta matéria. Queiroz Castro alega que tem visto turistas surpreendidos por haver trânsito na zona histórica: “Estão habituados a este tipo de zonas fechadas”.

Associações sem acordo

A Associação do Comércio Tradicional de Guimarães recebeu o anúncio com “estupefação” e “com enorme preocupação”. Classifica a decisão de “unilateral”, “contrariando informações e declarações de que o projeto seria decisão ponderada e tomada com a concordância de comerciantes”.

Já a Associação Vimaranense de Hotelaria vê a possibilidade com bons olhos., “Não podemos continuar como estamos, temos de fazer algo de diferente”, refere o presidente, José Diogo, defendendo que os comerciantes terão de ser interventivos, quando o projeto estiver em discussão, “para defenderem os seus interesses”

“Espero ter uma solução para fechar as ruas do centro ao trânsito até o final de 2023, de acordo com os prazos médios de lançamento de concurso, adjudicação e obra”, referiu o presidente da Câmara.