O Vitória atrasou-se na luta pelo apuramento para as competições europeias ao sair derrotado, por 2-0, do encontro com o Sporting, que encerrou a 29.ª jornada da Liga.
Depois do empate a zero ao intervalo, a formação comandada por Moreno Teixeira sofreu o primeiro golo da partida logo aos 47 minutos, com Pote a bater Celton Biai. O guarda-redes vitoriano também saiu com culpa no cartório no lance do segundo golo, apontado por Arthur Gomes, aos 90+3′.
Valeu pelo resultado, porque a exibição… O Sporting foi feliz em Guimarães, mas por pouco. Dois golos apareceram numa noite em que a finalização voltou a pecar.
O Vitória não vencia em casa há três jogos e só esse dado já deixava avisos aos leões. A primeira parte colocou expostas a olho nu as fragilidades da equipa de Rúben Amorim.
Pouca mobilidade do ataque perante uma linha defensiva mais preenchida, falta de opções quando o adversário aplica pressão alta e pouca organização na defesa, tanto na sua tarefa principal como na saída de jogo.
O Vitória SC estava bem organizado na defesa e não mostrou medo do adversário, tanto que aplicou pressão alta junto à grande área do Sporting. A estratégia de Moreno revelou-se melhor que a de Carlos Fernandes, na área técnica no lugar do suspenso Rúben Amorim.
Tudo confirmou-se em cima do intervalo, quando André Silva marcou golo. Um cruzamento que parecia inofensivo atravessou toda a grande área dos leões e chegou aos pés do brasileiro. Para sorte de uns e desespero de outros, valeu o VAR, que anulou o golo por fora-de-jogo de sete centímetros. O aviso estava renovado.
Rúben Amorim deve ter gasto o saldo do telemóvel a telefonar para Carlos Fernandes ao intervalo. O sermão que vinha encomendado terá chegado ao balneário, isto porque a equipa entrou com uma atitude diferente. Logo à entrada dos segundos 45 minutos, Pedro Gonçalves percebeu a necessidade de mais perigo junto à baliza de Biai. Foi por isso que, da entrada da grande área, quando pôde, rematou para marcar. Saiu fraco, mas muito bem direcionado, traindo o guarda-redes adversário.
O leão continuou a ameaçar a baliza do Vitória, mas com Chermiti não houve golos. O jovem avançado voltou a protagonizar uma exibição para lá de fraca, tendo dado lugar a um Trincão com muita fome de bola. O extremo esteve perto de assinar a folha dos ‘garçons’, mas Pedro Gonçalves não atirou a contar.
O domínio leonino na segunda parte foi claro, mas a exibição não convenceu, sobretudo quando se olha aos golos que falhou na cara da baliza de Biai. Coates ainda tentou, mas o VAR anulou. Teve de ser Arthur Gomes a entrar e fechar o jogo com ajuda do jovem guardião do Vitória, que foi infeliz entre os postes.
O Sporting sai contente, mas com trabalho pelo frente. A saúde do leão segue frágil e as ambições da Liga dos Campeõe continuam bem longe. O Sp. Braga está a sete pontos e a Liga Europa é o destino cada vez mais certo.
Momento do jogo: O intervalo. O Sporting renasceu para o jogo e entrou melhor que no apito inicial.
Onzes iniciais
Vitória SC: Biai; Maga, Mikel, Tounkara, Afonso; André André, Bamba, Janvier, Johnston, Lameiras, André Silva.
Sporting: Adán; Diomande, Coates, Matheus Reis; Esgaio, Ugarte, Morita, Nuno Santos; Pote, Edwards, Chermiti.
O Vitória termina a 29.ª jornada no 7.º lugar, depois de ter sido ultrapassado pelo Famalicão. Após ter somado apenas um ponto nos últimos seis jogos, continua a somar 41 e passou a estar a sete do Arouca, que se encontra no 5º lugar, e a um do Famalicão, que passou a ocupar o 6º posto da classificação.
Declarações de Moreno, treinador do V. Guimarães, na sala de imprensa do Estádio D. Afonso Henriques, após a derrota por duas bolas a zero frente ao Sporting:
«Podia agarrar-me ao golo anulado a finalizar a primeira parte e ao golo sofrido após o intervalo. Também conta, mas há uma coisa que não vou admitir enquanto cá estiver: o comportamento que se viu de alguns atletas. Não gostei, não vão permitir nunca que alguns comportamentos se instalem no nosso grupo de trabalho. Na primeira parte estivemos organizados, sabíamos que não íamos ter tanta bola, saímos em transição uma ou duas vezes.
Depois na segunda parte, alguns comportamentos de alguns meninos mimados não gostei e não vou permitir, não sei quanto tempo estarei cá, mas não vou permitir. Comportamentos que não de adequem a profissionais do Vitória não é comigo. Esperava mais do nosso jogo, defendi sempre o grupo, mas o comportamento de alguns atletas não me agradou minimamente. Não me agradou o comportamento de alguns atletas, e é nisso que me vou focar: até ao último dia vou com aqueles que querem ir comigo».
«Há ausências que são complicadas de gerir. Perdemos o Varela, o Amaro, o Jorge Fernandes, que são líderes. Podia agarrar-me a isso, mas tenho e ser coerente. Confio em todos, mas quando as oportunidades surgem são para ser agarradas e não foi isso que aconteceu. Nestas últimas cinco jornadas terão de ser muito diferentes, eu vou à luta com os atletas que sabem o que é vestir a camisola do Vitória».
[Força das declarações] «Para mim o importante é a minha consciência. Protegi-os sempre, o grupo, ao longo do ano. Estes comportamentos são muito importantes para mim. Hoje não posso dizer da segunda parte o mesmo, não posso defender alguns comportamentos mimados».
[Fase delicada. Apoio da estrutura e dos adeptos?] «Estrutura sim, os adeptos é normal que não estejam satisfeitos. Conheço a exigência do clube, e não podem estar satisfeitos. Sabia bem da dificuldade que ia ser, estou bem comigo, que é o mais importante. Com o presidente só tenho gratidão pela oportunidade que me deu, mas é natural que os adeptos não estejam satisfeitos. Sinto-me um privilegiado pela oportunidade que tive. Alguém ia bater palmas com a segunda parte que tivemos? É o normal, isto é o Vitória, um clube com uma exigência muito grande».
Declarações de Ruben Amorim, treinador do Sporting, na sala de imprensa do Estádio D. Afonso Henriques, após o triunfo por duas bolas a zero:
«A equipa esteve segura, mas a velocidade da primeira parte ficou aquém. Fomos mais fortes, mais rápidos, mas a velocidade da primeira parte foi lenta, deu a sensação que estávamos a controlar o jogo. Na segunda parte foi diferente, acertámos mais, tivemos mais jogadores a fazer roturas, depois o cansaço do adversário deu-nos mais espaço. O golo ajudou, mas temos muito a melhorar, temos de meter mais velocidade nos jogos. É nossa obrigação meter mais velocidade para ter um futebol mais atrativo. Quando aumentámos a velocidade controlámos melhor. Fizemos um jogo muito seguro, mas podíamos ter metido outra velocidade».
[Pragmatismo] «Quero sempre ganhar, não me vão ouvir dizer que sou o treinador que joga muito bem e depois não ganha. Não me vou esconder a dizer que quero jogar um futebol bonito, sabendo eu se fossemos pragmáticos ganhávamos mais jogos. Na segunda parte tivemos mais controlo de jogo. O que quero é que a equipa jogue bem, com pragmatismo».
[Jogo fora do banco] «Foi relembrar um pouco a primeira época. Antigamente os treinadores da Premier League ficavam muito na bancada… mas é difícil ficar mais longe, ficamos mais ansiosos porque não podemos comunicar em tempo real. É sempre mais difícil estar fora do banco. Vivi o jogo com mais stress. Vi uma equipa segura, mas com uma velocidade abaixo».