O Ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, assumiu, esta manhã, o compromisso relativamente à construção de um sistema de Bus Rapid Transit entre Guimarães e Braga.

A garantia foi dada durante a assinatura dos protocolos entre o Fundo Ambiental e o Município, para estudos técnicos do sistema de BRT entre os concelhos de Braga e Guimarães e do memorando para apoio à elaboração de uma estratégia de mobilidade sustentável para pessoas e mercadorias, envolvendo as comunidades intermunicipais do Cávado e do Ave, a Associação de Municípios de Fins Específicos Quadrilátero Urbano e os ministérios da Coesão Territorial, do Ambiente e da Ação Climática e das Infraestruturas.

O Governo fez-se representar nesta iniciativa pelos ministros do Ambiente, Duarte Cordeiro e da Coesão, Ana Abrunhosa e pelo secretário de Estado da Mobilidade Urbana, Jorge Delgado. O Ministério da Infraestruturas não esteve presente. Os dois ministros não quiseram comentar a atual situação que se vive no Governo, com o primeiro-ministro a não aceitar a demissão do ministro das Infraestruturas, mesmo contra a opinião do Presidente da República. Ana Abrunhosa, contudo, sempre foi dizendo que os portugueses se pronunciaram há pouco mais de um ano. “Tenho a certeza de que as linhas se acertarão porque o nosso primeiro-ministro e o Presidente da República conhecem-se há muito tempo”, acrescentou a ministra. Já Duarte Cordeiro não disse mais do que, “num Governo, quando o primeiro-ministro fala não há mais declarações a dar.”

BRT de Braga está no PRR, o de Guimarães ainda não tem financiamento

O primeiro documento assinado, ao final da manhã de hoje, no Paço dos Duques, entre o Fundo Ambiental e a Câmara de Guimarães visa realização de estudos técnicos para o sistema de BRT a instalar no concelho e à sua interligação com o sistema da cidade de Braga, já inscrito no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O ministro do Ambiente disse, referindo-se a este protocolo que desta forma “o Estado compromete-se que vai haver um BRT em Guimarães. Quando estiverem concluídos os estudos procuraremos inscrevê-lo nas fontes de financiamento existentes”, adiantou.

Já o autarca de Braga e atual presidente da CIM do Cávado, Ricardo Rio, lembrou que a inclusão do projeto de BRT da Cidade dos Arcebispos no PRR vai libertar fundos e “essas verbas devem ser aplicadas no território”, referindo-se à mobilidade no Quadrilátero como um todo. Mário Passos, o presidente da Câmara de Famalicão e do Quadrilátero, foi mais contundente nos recados ao Governo. Para o autarca, “porventura, este momento já devia ter acontecido há muito tempo.” Mário Passos lembrou que “Famalicão, Braga e Guimarães são a locomotiva de Portugal” pela importância que têm nas exportações. “Este municípios dão um grande contributo para que os portugueses possam viver melhor. Nós não temos tido a atenção proporcional ao contributo que damos”, queixou-se a autarca famalicense. “Se tivéssemos mais ajuda poderíamos produzir ainda mais”, acrescentou.

BRT não é “um filho menor”

As duas maiores cidades do Quadrilátero assinaram também um protocolo no sentido de interconectarem os seus sistemas de BRT, garantindo que Guimarães ficará, no futuro, ligada à estação ferroviária de alta velocidade. Ana Abrunhosa destacou a convergência entre os municípios. “Os autarcas uniram-se e disseram com clareza aquilo que era prioritário”, referiu a ministra, para concluir que se chegou à assinatura destes documentos muito rapidamente fruto deste entendimento. Relativamente à opção pelo autocarro em via dedicada, em detrimento do metro ligeiro – que Domingos Bragança continua a dizer que é a solução que gostaria de ver implementada –, o secretário de Estado da Mobilidade, Jorge Delgado, sublinhou que “o BRT não é um filho menor, cumpre bem até certos níveis de procura e é a solução adequada, nesta fase, para este território.”

O último documento firmado esta manhã, em Guimarães, foi o “Memorando para apoio à elaboração de uma estratégia de mobilidade sustentável para pessoas e mercadorias”, envolvendo o Quadrilátero Urbano, as comunidades intermunicipais do Cávado e do Ave e os ministérios da Coesão Territorial, Ambiente e Ação Climática e Infraestruturas. Domingos Bragança, sinalizou que “se não resolvemos o problema da mobilidade neste território, estamos a travar o seu desenvolvimento.” O autarca vimaranense lembrou que o concelho é um “portal de acesso ao interior” e que “para criar procura para a alta velocidade, é preciso criar conectividade.”

Duarte Cordeiro concordou que se está “a fazer justiça a um território que tem que ter estes sistemas de mobilidade.” O ministro do Ambiente defendeu que a estratégia deve privilegiar a descarbonização e recordou que 28% dos gases com efeito de estufa são libertados para a atmosfera pelo transporte de pessoas e mercadorias. “Este é um território com muitas relações funcionais entre si e com a Área Metropolitana do Porto, queremos que as soluções de transporte sejam mais sustentáveis”, afirmou Duarte Cordeiro.