O presidente executivo (CEO) da Galp, Filipe Silva, considerou hoje que a fortaleza que a Europa está a construir no âmbito da sustentabilidade ambiental parece funcionar muito bem no papel, mas vai ser cara e arrisca matar a capacidade industrial.

Os alertas de Filipe Silva foram deixados durante um debate em que estiveram em análise as perspetivas para a transição energética tendo em conta a segurança, acessibilidade e descarbonização, realizado no âmbito da Lisbon Energy Summit & Exhibition 2023, que decorre até 01 de junho na capital portuguesa.

O CEO da Galp observou que Bruxelas “está muito focada nos eletrões”, lembrando, contudo, que 80% do ‘mix’ energético europeu ainda é de origem fóssil e manifestando dúvidas de que as medidas e a “fortaleza” que está a ser criada consiga funcionar.

Neste contexto, apontou algumas das lacunas que vê neste caminho que está a ser delineado em termos de transição ambiental e energética, nomeadamente a de igualdade de condições.

“A Europa opera num mundo global”, este “é um problema global, que só há uma atmosfera e temos de ter a certeza que cumprimos as mesmas regras”, disse o gestor, assinalando que as regras e proibições que estão previstas correm o risco de “matar” a capacidade industrial da Europa que vai migrar para outras zonas do mundo, como a China ou a Índia, onde será mais barato produzir.

Filipe Silva alertou ainda que está em causa uma transição que vai ser “muito dispendiosa” num momento de inflação e taxas de juro elevadas e numa altura em que a despesa alocada à guerra também está a crescer.

“No papel” insistiu, o processo funciona, mas, avisou, vai ser necessário que os eleitores acreditem nesta transição energética, porque “lhes vai custar dinheiro”.