Presidente da República e primeiro-ministro estão em visita oficial ao país africano, onde recordaram as amarguras do regime apartheid.
O Presidente da República e o primeiro-ministro estão em visita oficial à África do Sul, onde, esta quarta-feira, visitaram um museu dedicado às memórias do regime apartheid, em Joanesburgo.
Aos jornalistas, Marcelo Rebelo de Sousa recordou uma visita própria que fez ao país africano, no final da década de 1960, quando vivia em Moçambique. “As pessoas não têm noção do que era, de facto, o regime [apartheid]. Não tem mesmo paralelo com a experiência colonial portuguesa naquela época, porque era a separação rígida, total por raças”, começou por dizer o Presidente da República.
“Isso era tão chocante, mesmo para quem tinha a noção que estava a viver o fim do império português, que parecia inverosímil um regime como aqueles. Houve a independência a seguir ao 25 de Abril de colónias portuguesas e só 15 anos depois é que se deu o passo decisivo para o fim do apartheid”, lamentou Marcelo Rebelo de Sousa, rejeitando comentar a atual situação política nacional.
O chefe de Estado disse ter “um programa praticamente impossível”, pelo que não deverá ser fácil ter uma reunião com António Costa. “É importante esperar pelo Conselho de Estado, nessa altura teremos a perspetiva global de um processo que está em curso”, argumentou Marcelo, concluindo: “Estando um processo em curso, é preciso esperar pelo fim, também já não falta muito.”
Costa realça importância da memória
António Costa, por sua vez, defendeu que manter viva a memória do regime apartheid é “muito importante”, até porque “depois dos momentos difíceis e dramáticos é possível reencontrar a liberdade”.
O primeiro-ministro explicou que o futuro centro interpretativo do 25 de Abril, que será desenvolvido pela Associação 25 de Abril, com o apoio do Estado, estará instalado em espaços do ministério da Administração Interna, no Terreiro do Paço, em Lisboa.
“Todo o processo democrático tem de assentar na ideia de conciliação. A democracia é o grande regime do compromisso. A luta contra o racismo assentava na ideia da unidade essencial do ser humano, que inspira também a reconciliação. Todas as grandes mudanças históricas foram marcadas por esses momentos de reconciliação”, defendeu António Costa.
Quando os jornalistas se preparavam para mudar o assunto e questionar o primeiro-ministro sobre a atualidade política nacional, nomeadamente sobre as audições na comissão parlamentar de inquérito à TAP e a audição do antigo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, no Parlamento, o chefe do Governo sorriu e disse, antes de abandonar o local: “Boa tentativa, não podemos atrasar o Sr. Presidente.”