A oposição e o Governo de coligação nos Países Baixos saudaram hoje o anúncio de retirada do liberal Mark Rutte e elogiaram seu trabalho como primeiro-ministro desde 2010, apesar das críticas à sua gestão nos últimos anos.

Depois de Rutte ter anunciado hoje, num discurso perante o Parlamento, que vai abandonar a vida política quando um novo Governo tomar posse após as próximas eleições, a reação dos deputados foi de surpresa, apesar de muitos terem andado a pedir o seu afastamento.

A coligação de Governo liderada por Rutte tinha pedido a demissão na passada semana, por falta de entendimento sobre várias matérias governativas, abrindo caminho para eleições antecipadas que ainda não têm data marcada.

Geert Wilders, líder da oposição de direita, mostrou respeito pela decisão de Rutte.

“Éramos politicamente como óleo e água. Mas estou convencido de que ele queria o melhor para os Países Baixos. Tenho muito respeito pelo que fez ao longo dos últimos anos”, disse Wilders.

Kees van der Staaij, líder do partido calvinista SGP, sublinhou que Rutte “desempenhou as suas funções com entusiasmo, mesmo em tempos difíceis”.

Caroline van der Plas, líder do partido dos agricultores (BBB), disse ter sido apanhada “totalmente surpresa” com a saída de Rutte, mas considerou a sua decisão um “gesto muito sensato”.

O BBB atravessa neste momento uma fase de popularidade nas sondagens e, em março, venceu as eleições regionais, tornando-se o partido mais votado em todas as províncias.

À esquerda, o social-democrata PvdA e os Verdes anunciaram a possibilidade de apresentar um voto de censura contra Rutte, mas após o discurso abandonaram a ideia.

Rutte também foi elogiado por seus parceiros de Governo na última legislatura.

“Quando revejo o que aconteceu nas últimas semanas, acho que esse passo foi inevitável”, disse Jan Paternotte, presidente do partido progressista D66, que esteve ao lado de Rutte nos últimos anos.

O presidente do partido democrata-cristão (CDA), Pieter Heerma, disse ter muito respeito pelos tempos em que Rutte dedicou “a sua alma a este país” e qualificou a moção de censura da oposição como “imprudente” e como “um acerto de contas político”.