O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, considerou hoje que a decisão acerca da revisão dos limites de vento impostos para a operacionalidade no Aeroporto da Madeira, prevista para 2026, devia ser mais célere.
Questionado pelos jornalistas sobre o tempo previsto para a decisão, à margem da inauguração de um centro social no Funchal, Miguel Albuquerque afirmou que “devia ser mais curto”, defendendo que “o que interessa é acelerar essa revisão do ponto de vista científico”.
“Mas penso que é o prazo nacional e, como vocês sabem, as coisas a nível nacional demoram sempre uma eternidade, não percebo porquê”, lamentou o presidente do Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP.
O governante recordou os “três argumentos fundamentais” para proceder à revisão dos limites do vento.
“Em primeiro lugar, a pista hoje está posicionada de uma maneira completamente diferente daquilo que acontecia em 1964 e tem mais do dobro do tamanho”, apontou.
“Em segundo lugar, a tecnologia de 1964 quer da torre de controlo […] quer a aparelhagem dos aviões teve uma evolução exponencial e, em terceiro lugar, é evidente que, se conseguirmos conclusões do ponto de vista científico e da estrita segurança que dê mais margem para a aterragem, é muito importante para a Madeira e para todos nós”, salientou.
Na segunda-feira, numa audição na Assembleia Legislativa da Madeira, a presidente da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) assegurou haver disponibilidade deste organismo para rever os limites do vento impostos para a operacionalidade no Aeroporto da Madeira, perspetivando uma decisão apenas em 2026.
Tânia Cardoso Simões indicou que os equipamentos serão testados até 30 de setembro de 2025, quando termina o processo de avaliação, reforçando ser “muito difícil haver uma decisão cientificamente abalizada sobre os limites” nesse mesmo ano.
O Aeroporto Internacional da Madeira é o único no mundo cujos limites de vento são obrigatórios — 15 nós –, embora tenham sido impostos em 1964 e definidos com base em estudos que usaram um avião DC3 da II Guerra Mundial, quando a pista tinha 1.600 metros, sendo que atualmente tem 2.781.
Em janeiro de 2021 foi criado um grupo de trabalho para estudar os problemas da operação aérea no arquipélago da Madeira, no âmbito do então Ministério das Infraestruturas e da Habitação, o qual concluiu que 80% dos voos divergem porque o vento no momento da aproximação à pista está apenas três nós acima do limite.
Entre outros aspetos, o grupo de trabalho, que foi coordenado por Frederico Pinheiro, ex-adjunto do ministro João Galamba, defendeu ser fundamental a aquisição de dois equipamentos de radar para uma medição mais precisa dos ventos, contribuindo para melhorar a operacionalidade do aeroporto.
A NAV ficou encarregada de lançar o concurso público no valor de 4,5 milhões de euros.
O contrato de aquisição deste equipamento (Radar de Banda X e LIDAR), que permite a medição mais precisa dos ventos ao nível da pista, deverá ser assinado, segundo as previsões, no decorrer deste mês, devendo a sua instalação acontecer até maio de 2024, ao que se segue um período de um ano para estudar e analisar os dados