O Banco de Cabo Verde (BCV) registou lucros em 2022 de 1.067 milhões de escudos (9,68 milhões de euros), uma redução de 43,29% em relação ao ano anterior, segundo o relatório e contas do regulador hoje divulgado.

De acordo com o mesmo documento, do valor total do resultado líquido, 1.319 milhões de escudos positivos (11,96 milhões de euros) são relativos a resultados realizados, enquanto 251,9 milhões de escudos negativos (2,28 milhões de euros) são dos resultados não realizados.

“Estes justificados, sobretudo, pela flutuação cambial negativa dos ativos denominados em dólar dos Estados Unidos da América”, concluiu o regulador bancário cabo-verdiano.

Em relação a 2021, o BCV constatou que o resultado realizado aumentou 1.708 milhões de escudos (15,4 milhões de euros), determinado, particularmente, pela evolução favorável do resultado realizado em operações cambiais, bem como pelo desempenho da margem financeira.

Ainda no final de 2022, a margem financeira do banco central foi de 325 milhões de escudos (2,9 milhões de euros), um aumento de 123,9 milhões de escudos (1,1 milhão de euros), comparativamente ao mesmo período do ano anterior.

“Este aumento é justificado, maioritariamente, pela evolução favorável dos juros de ativos sobre o exterior, em resultado das medidas de política monetária restritivas implementadas pelos bancos centrais das principais economias internacionais, para fazer face aos efeitos da inflação, e pelos juros de financiamento às instituições financeiras no país”, lê-se no relatório.

Relativamente aos outros resultados de exploração, no ano passado foram de 18 milhões de escudos (164,8 mil euros), uma redução de 93,51%, justificado, sobretudo pelas receitas processadas pelas seguradoras, no âmbito da supervisão, e os gastos com a contribuição para assistência financeira internacional, subsídios e donativos, bem como impostos e taxas.

Já os custos administrativos totalizaram 1.047 milhões de escudos (9,4 milhões de euros), cerca de 16,19% acima do valor verificado no período homólogo, deu conta o BCV, justificando, sobretudo, com o “aumento acentuado” das depreciações e amortizações do exercício, na sequência da decisão do Banco em manter o edifício Nova Sede no seu balanço.

“O Banco, de modo a proporcionar maior transparência aos resultados, apresenta na estrutura das suas demonstrações financeiras o rendimento integral, que, a 31 de dezembro de 2022, ascendeu a 665.976 milhares de escudos negativos (6 milhões de euros”, prosseguiu, justificando, sobretudo, com a “queda acentuada” dos preços dos títulos em carteira e como os desvios atuariais negativos das responsabilidades com pensões e outros benefícios.

Na mensagem que acompanha o relatório, o governador do BCV, Óscar Santos, começou por dizer que 2022 foi um “ano desafiante”, enumerando as medidas mantidas pelo regulador para mitigar os impactos da covid-19 e da guerra na Ucrânia.

“Essas medidas materializaram-se, sobretudo, na manutenção da taxa diretora em 0,25 por cento, das taxas de Facilidades Permanentes de absorção em 0,05 por cento e das de cedência de liquidez em 0,5 por cento. Igualmente, o coeficiente das Disponibilidades Mínimas de Caixa manteve-se inalterado nos 10 por cento”, apontou.

Num ano em que o país cresceu 17,7%, o governador deu conta ainda de várias atividades realizadas pelo BCV, a nível das relações externas e cooperação, mas também conferências, constatando a “necessidade” de fortalecer a comunicação com a sociedade e restantes intervenientes do setor.