Super Bock Arena misturou nostalgia, novidades e muita emoção
Pedro Abrunhosa deu uma a série de quatro espetáculos esgotados na Super Bock Arena, no Porto, celebrando três décadas desde o lançamento do icónico álbum Viagens. Esta primeira noite do espetáculo Viagens 3.0 foi uma viagem musical única, que misturou o passado e o presente, e ainda deu um vislumbre do futuro sonoro que o artista promete continuar a explorar. Os concertos prosseguem nos dias 8, 9 e 10 de novembro, com o encerramento da tournée de celebração marcado para 23 de novembro, no Meo Arena, em Lisboa.
O concerto abriu em grande, com a música que dá nome ao álbum, “Viagens”, e trouxe Pedro Abrunhosa e a sua banda vestidos de branco, com o artista a destacar-se com o seu emblemático blazer azul e os característicos óculos de sol. Seguiram-se clássicos como “Lua”, “Estrada” e “Fantasia”,
Um dos momentos altos foi proporcionado pelo terceto de sopros, que brilhou em “Não tenho mão em mim”, demonstrando que a música de Abrunhosa é uma experiência coletiva onde cada instrumento é protagonista. A primeira surpresa da noite surgiu com o inédito “Glória aos vencidos por amor”, que foi recebido com atenção e respeito pelo público, mesmo sem o mesmo entusiasmo dos clássicos conhecidos.
“Fazer o que ainda não foi feito” transformou-se no primeiro grande êxtase coletivo, com a palavra “PAZ” projetada no ecrã e Pedro Abrunhosa a pedir ao público que gritasse em uníssono, criando um momento de união e força. Já com a plateia em ebulição, o cantor, com humor característico, desafiou os presentes: “Como é possível dizer que se vai dar o salto com o rabinho sentado na cadeira?”. A provocação teve o efeito desejado, com toda a plateia de pé a vibrar ao som de “Rei do Bairro Alto”.
As quatro noites na Super Bock Arena provou ser mais do que uma celebração; foi uma reafirmação do legado de Pedro Abrunhosa e uma promessa de que, apesar dos 30 anos já passados, o músico continua a surpreender e a inspirar com a sua arte.
Pedro Abrunhosa Surpreende e Emociona na Segunda Parte do Espetáculo: Homenagens e Reflexões Marcam a Noite
Mensagem de paz, canções marcantes e convidados especiais emocionam o público na Super Bock Arena
A segunda parte do concerto de Pedro Abrunhosa na Super Bock Arena foi um misto de reflexão e intensidade emocional. O tom do espetáculo tornou-se mais sério quando o músico, entre músicas, abordou a atual situação geopolítica mundial. “O meu apoio à causa israelita é grande, mas o meu apoio à causa palestiniana é maior”, afirmou, ecoando o apelo por empatia e paz antes de interpretar “Talvez Foder”, uma canção com uma mensagem provocadora.
Seguiu-se um dos momentos mais emotivos da noite com “Se Fosse Um Dia o Teu Olhar”. A balada, considerada uma das mais belas da música portuguesa, levou o público a abraçar-se, enquanto algumas lágrimas se deixavam ver na plateia. Abrunhosa, sozinho ao piano, entregou-se ao tema, encerrando-o com um refrão que silenciou o espaço num misto de nostalgia e beleza.
Entre “Será” e “É preciso ter calma”, o músico apresentou um novo tema, “Não te Ausentes de Mim”, antes de homenagear Gisberta, uma mulher transgénero vítima de violência brutal no Porto, com a tocante “Balada da Gisberta”. Esta canção foi interpretada com profunda emoção por Paulo Praça, cuja voz e guitarra deram ainda mais força à homenagem, fazendo da performance um tributo impactante.
Com o concerto avançado, Abrunhosa introduziu duas canções novas, “É Sempre Escuro Antes” e “Leva-me para casa”, cantadas ao lado de Patrícia Antunes e Patrícia Silveira. As vozes secundárias das cantoras trouxeram uma dimensão extra de emoção, com harmonias que fizeram arrepiar os mais sensíveis. A guerra voltou a ser tema central com “Que o Amor te Salve”, acompanhada por imagens de destruição e sofrimento no ecrã, sublinhando a mensagem pacifista do artista.
O final aproximava-se, e o palco foi palco de reencontros especiais. Mário Barreiros, o histórico produtor do álbum Viagens, subiu com o seu filho Leonardo Barreiros, partilhando temas como “Mais Perto do Céu” e “Não Posso Mais”. Foi um momento de união familiar e nostalgia, que marcou os fãs mais antigos.
O espetáculo terminou em alta energia com “Acima & Abaixo”. O público ergueu as mãos e dançou, mantendo a euforia contagiante em “Socorro”, com palmas e um ambiente vibrante que se espalhou por todo o recinto. A fusão de momentos de introspeção e celebração reafirmou que, mesmo após três décadas, Pedro Abrunhosa continua a ser uma força inigualável na música portuguesa.
Já perto do fim do espetáculo na Super Bock Arena, Pedro Abrunhosa não deixou de expressar a sua gratidão aos fãs. “A honra que é estar aqui” foi uma das frases que ecoou pelo recinto, antes de começar a tocar “Ilumina-me”. Num dos momentos mais mágicos da noite, o público respondeu com as luzes dos telemóveis a brilhar em uníssono, enquanto o refrão “enquanto não há amanhã, ilumina-me” se fazia ouvir por toda a arena, criando um cenário verdadeiramente deslumbrante e emotivo.
Embora o concerto parecesse ter chegado ao fim, com alguns espectadores a começarem a sair, os aplausos e gritos persistentes de quem ficou foram tão intensos que Pedro Abrunhosa regressou ao palco para um encore que superou todas as expectativas. De blazer às manchas pretas e brancas, o músico arrancou com “Eu Não Sei Quem Te Perdeu”, seguido de “Braços da Minha Mãe”, que contou com o coro mais forte da noite, mostrando o quanto estas músicas ainda tocam os corações do público.
Para fechar com chave de ouro, Abrunhosa trouxe de volta Cláudia Pascoal, e juntos emocionaram a arena com “Tudo o Que Eu Te Dou”. A química entre ambos e o envolvimento do público criaram o final perfeito para uma noite memorável.
Pedro Abrunhosa mostrou uma vez mais que é muito mais do que um músico; é um poeta e um contador de histórias que continua a marcar gerações. Se este concerto é uma amostra do que ainda está por vir, não há dúvidas de que os próximos 30 anos prometem ser igualmente extraordinários.