Falta de água quente, refeições inadequadas e apoio médico insuficiente estão entre as principais queixas; situação reflete problemas generalizados no sistema prisional português
Reclusos do Estabelecimento Prisional de Guimarães denunciaram, num abaixo-assinado assinado por 46 dos 88 detidos, as condições “desumanas” em que vivem. As queixas incluem a falta de água quente para banhos, refeições de baixa qualidade servidas frias, carne em quantidade insuficiente e peixe cru ou muído.
Entre as denúncias, destacam-se também:
- Apoio médico insuficiente;
- Falta de privacidade durante visitas;
- Ausência de campainhas SOS nas celas.
O documento foi entregue à Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso (APAR), cujo secretário-geral, Vítor Ilharco, sublinhou que as condições precárias são comuns em muitas prisões portuguesas, agravadas pela sobrelotação.
Problemas estruturais no sistema prisional
Vítor Ilharco destacou que Portugal, apesar de ter uma das taxas de criminalidade mais baixas da Europa, possui uma elevada taxa de reclusos. “Dos 12 mil presos no país, 7,8% estão detidos por condução sem carta, muitos porque não conseguem pagar multas”, explicou.
O responsável lembrou que, se a legislação fosse devidamente aplicada, haveria menos sete mil reclusos em Portugal, mas questiona como tal seria gerido num sistema com 8.700 funcionários e 4.900 guardas. “A sobrelotação agrava todos os problemas, e os reclusos e as suas famílias acabam por suportar esta realidade”, concluiu.