Socialista acusa Executivo de Montenegro de falta de ambição e diz que Ana Paula Martins será o ‘para-choques’ do verão político.
Pedro Costa, comentador político e filho do ex-primeiro-ministro António Costa, fez duras críticas à nova composição do Governo liderado por Luís Montenegro. Num comentário transmitido na CNN Portugal, o socialista comparou o Executivo a um “melão” com “pouco sabor”, “partes verdes” e outras “já meio podres”, acusando o primeiro-ministro de adotar uma postura pouco condizente com a responsabilidade do cargo.
“Parece o discurso de alguém que nunca foi primeiro-ministro. Temos ouvido que os governos são como os melões, mas este melão tem um problema: já está aberto. Sabemos que tem, maioritariamente, pouco sabor, algumas partes verdes e, do lado oposto do melão, algumas partes já meio podres”, afirmou Pedro Costa.
No entender do socialista, o discurso de Montenegro, centrado na ambição e numa nova visão para o país, revela uma certa ingenuidade ou inexperiência, apesar de já exercer funções como chefe de Governo.
Ainda assim, Pedro Costa reconheceu um nome a destacar na nova equipa governativa: Ana Paula Martins, ministra da Saúde. No seu entender, será uma das figuras com maior exposição mediática durante os próximos meses.
“Mais do que um para-raios, será um verdadeiro para-choques para Luís Montenegro, sobretudo pelos desafios iminentes no setor da Saúde. O verão trará o fecho de urgências e um relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde sobre a greve do INEM, onde tudo indica que poderá haver responsabilidades atribuídas à ministra ou à sua secretária de Estado”, referiu.
Novo Executivo com mais pastas e menos mulheres
O XXV Governo Constitucional, liderado por Luís Montenegro, conta agora com 60 governantes — entre ministros e secretários de Estado — incluindo duas novas secretarias de Estado e um novo Ministério: o da Reforma do Estado. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, aprovou na semana passada a lista com os 43 secretários de Estado propostos pelo primeiro-ministro.
A representatividade feminina no novo Executivo caiu: das 24 mulheres no anterior Governo (em 59 cargos), passaram a ser 20 em 60 (cerca de 33%).
Uma mudança com peso político notável prende-se com Rui Freitas, que passa a acumular as pastas de Adjunto da Presidência e da Imigração — tema que tem gerado intenso debate no espaço público.