Funicular bracarense, inaugurado em 1882, é o mais antigo do mundo a operar com contrapeso de água e nunca registou acidentes
O Elevador do Bom Jesus, em Braga, está a funcionar dentro da normalidade e cumpre todas as normas de segurança, assegura a Confraria do Bom Jesus do Monte. A garantia foi dada esta quinta-feira pelo vice-presidente da instituição, Varico Pereira, em declarações à Rádio Universitária do Minho (RUM), após uma reunião extraordinária convocada na sequência do acidente do Elevador da Glória, em Lisboa, que vitimou 17 pessoas.
“Esta manhã reunimos a comissão de segurança do elevador para rever todas as normas e reforçar junto dos colaboradores a importância de transmitir aos utilizadores que viajar no Elevador do Bom Jesus é seguro. Trata-se de um meio de transporte com 143 anos de história e que nunca registou qualquer acidente”, sublinhou o responsável.
Manutenção regular e vistoria externa
O funicular bracarense funciona com licenciamento do IMT e é alvo de manutenção semanal realizada por funcionários da Confraria. Para além deste acompanhamento permanente, existe uma vistoria anual por entidade externa, que monitoriza o cabo, as carruagens, a linha e todo o sistema.
Os relatórios técnicos são depois analisados pelo IMT, que pode emitir recomendações adicionais. Só após validação integral das condições de segurança é que é renovada a licença de funcionamento. No início de 2025, o elevador foi ainda alvo de um simulacro com bombeiros e proteção civil, reforçando a preparação em caso de emergência.
Um ícone de engenharia
O Elevador do Bom Jesus é uma obra do engenheiro Raul Mesnier du Ponsard, responsável também pelos funiculares de Lisboa. Inaugurado em 1882, é o mais antigo do mundo a operar com sistema de contrapeso de água, mantendo-se fiel à sua configuração original.
O percurso tem 274 metros, com um desnível de 116 metros e uma inclinação de 42%. O cabo pesa 1.500 kg e mede 300 metros. Cada carruagem transporta até 38 passageiros sentados.
O funcionamento baseia-se na diferença de peso criada pelo enchimento e esvaziamento dos depósitos de água nas cabines: no ponto mais alto, o depósito é cheio e, ao ser esvaziado no ponto inferior, gera o movimento das carruagens.
Procura acima da média
Apesar das preocupações levantadas após o acidente em Lisboa, o elevador registou um número superior de passageiros ao habitual esta quinta-feira, também devido ao corte no acesso rodoviário por obras de manutenção. “Houve quem demonstrasse receio, mas foi possível tranquilizar as pessoas, transmitindo a confiança de que todas as normas são cumpridas”, afirmou Varico Pereira.