Ex-líder socialista critica a falta de entendimentos à esquerda e aponta que a escassez de coligações em municípios portugueses prejudicou o partido nas autárquicas.
O ex-líder do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, analisou os resultados das eleições autárquicas de domingo e defendeu a importância de coligações à esquerda, afirmando que, em Braga, bastaria o PS ter-se aliado a qualquer dos três partidos à sua esquerda para assegurar a vitória na Câmara Municipal.
“Braga: o PS perdeu por cerca de 200 votos. Bastava uma aliança com qualquer um dos três partidos à esquerda para o PS ganhar”, sublinha Pedro Nuno Santos, referindo ainda outros exemplos em que, na sua opinião, coligações à esquerda poderiam ter garantido vitórias ao partido.
O ex-líder socialista considera que, após o escrutínio, algumas análises apontaram os entendimentos à esquerda como prejudiciais ao PS. Contudo, argumenta, esta interpretação está incorreta: “No rescaldo das eleições autárquicas, uma das conclusões retiradas pela direita, mas também por muitos dentro do PS, é a de que os entendimentos à esquerda são maus para o PS. Uns, fora do PS, porque querem preservar a hegemonia política da direita. Outros, dentro do PS, porque acham que para se ser poder o PS tem de se parecer mais com a direita. Mas será que o problema do PS foram os entendimentos à esquerda? Ou, pelo contrário, o seguro de vida do PSD foi, precisamente, a falta de entendimentos à esquerda?”
Santos reforça que o problema real foi a escassez de coligações: “Ao contrário do que tem sido dito, não foram os entendimentos à esquerda que prejudicaram o PS. Convém lembrar que só fomos coligados em oito municípios, num total de 308! Foi precisamente a falta deles que nos prejudicou”.
No caso concreto de Braga, onde o PS concorreu em coligação com o PAN, a diferença para a vitória da coligação PSD/CDS/PPM foi de apenas 276 votos, reforçando, segundo o ex-líder, a relevância estratégica de alianças à esquerda em contextos eleitorais muito competitivos.
