O antigo piloto austríaco Niki Lauda, tricampeão mundial de Fórmula 1, morreu esta segunda-feira aos 70 anos, anunciou a família.

“É com enorme tristeza que anunciamos que o nosso querido Niki morreu em paz, rodeado pela sua família, esta segunda-feira”, lê-se num comunicado.

O ex-piloto, campeão mundial em campeão mundial 1975, 1977 e 1984, tinha sido submetido a um transplante pulmonar no verão passado.

“As suas realizações únicas como desportista e como empresário são e serão sempre inesquecíveis. O seu dinamismo inesgotável, a sua integridade e a sua coragem serão um modelo e uma referência para todos nós”, recordou a família.

Em agosto de 2018, o piloto foi submetido a um transplante pulmonar, após contrair um vírus durante viagem a Ibiza, mais uma mazela para um corpo que nunca chegara a recuperar daquele incidente em agosto de 1976, quando austríaco sofreu um acidente grave no circuito alemão de Nürburgring, ao perder o controlo do seu Ferrari, que se incendiou e deixou o piloto com graves queimaduras e em risco de vida. Os gases tóxicos que inalou debilitaram o seu organismo e obrigaram-no a dois transplantes de rim, em 1997 e 2005.

O ano passado, após a realização do transplante pulmonar no Hospital Geral de Viena um dia após o aniversário do seu acidente, a recuperação apresentava-se como complicada. “É duro regressar, mas não se compara com minhas queimaduras após o acidente de Nürburgring”, disse ao jornal suíço Blick. “Morri por uns instantes e ressuscitei”.

Já no início deste ano, uma gripe forte obrigou a um internamento de dez dias no hospital do ex-piloto, após ter tido febre alta durante as festas de fim de ano.

Andreas Nikolaus Lauda estreou-se na Fórmula 1 em 1971, no país natal, pela March. O primeiro título na categoria veio quatro anos depois, em 1975. No ano seguinte, sofreu o grave acidente no Grande Prémio da Alemanha, no qual ficou preso no seu Ferrari em chamas e ficou com o rosto quase que totalmente desfigurado.

Numa recuperação surpreendente, voltou às pistas seis semanas após ter recebido a extrema-unção no hospital, no Grande Prémio da Itália, apesar das graves lesões, especialmente no rosto.

Durante essa mesma temporada, lutou pelo título até a última corrida com o britânico James Hunt, que acabou por conquistar o título. Este épico confronto, revelador do caráter excecional do piloto austríaco, é pano de fundo do filme “Rush” (2013), do americano Ron Howard.

Em 1977, manteve a regularidade e conquistou o segundo título mundial, com a Ferrari. Dois anos depois, abandonou as pistas. Mas o então bicampeão não ficou muito tempo longe dos carros. Em 1981, assinou com a McLaren, equipa pela qual veio a conquistar o tricampeonato em 1984. Despediu-se definitivamente da F1 no ano seguinte.

A sua breve saída da Fórmula 1 em 1979 foi provocada pela segunda paixão de Lauda, a aviação civil. Pioneiro do charter privado, criou a Lauda Air, companhia que em 2002 foi vendida à Austrian Airlines.

Em 2004, criou a low cost Niki, que foi vendida em 2011 à Air Berlin.

Como empresário, Niki também viveu uma enorme tragédia, quando em 26 de maio de 1991 um Boeing 767 da Lauda Air que realizava o voo Bangcoc-Viena caiu com 223 pessoas a bordo por uma falha estrutural. Não houve sobreviventes.

Nascido em 22 de fevereiro de 1949 em Viena, Andreas Nikolaus Lauda teve quatro filhos de dois casamentos.

Quando tinha menos de 20 anos, em 1968, disputou com um Mini Cooper que havia recebido da avó a primeira corrida, sem avisar os pais.

O homem do boné, que usava sempre para esconder as cicatrizes na cabeça, viria a tornar-se presidente não-executivo da Mercedes em 2012, e seguiu omnipresente nos circuitos, onde era conhecido pela sua experiência e honestidade, e por lamentar a perda de combatividade no desporto.

Até ao fim continuou a ser ouvido por todos.

* Com agências