A Direção-Geral de Saúde (DGS) emitiu hoje uma norma sobre cuidados ‘post-mortem’ com cadáveres de pessoas infetadas com o novo coronavírus, recomendando a cremação dos corpos e determinando, em caso de enterro, que o caixão não seja aberto.
A norma publicada hoje na página da DGS emite um conjunto de orientações para os profissionais que têm que lidar com os cadáveres de doentes que morram com Covid-19, ou quando mesmo sem confirmação suspeitem que tenha sido essa a causa da morte, devendo neste último caso ser colhidas amostras biológicas antes do envio do corpo para a casa mortuária, que serão depois submetidas a análise.
Todos os dispositivos e materiais usados no tratamento devem ser retirados do corpo, descartados para os seus contentores específicos e o cadáver deve ser deixado limpo e seco, desinfetando orifícios e tamponando orifícios para impedir riscos de saída de fluidos.
“É essencial que os profissionais que realizam os funerais e todos os outros envolvidos no manuseio do corpo, sejam informados sobre o risco potencial de infeção, incluindo os familiares”, lê-se na norma, que obriga a diminuir a acumulação de cadáveres e proíbe o embalsamamento.
Ainda que não seja obrigatório, a DGS refere que os cadáveres devem, “de preferência” ser cremados, mas quando isso não aconteça os corpos, que devem sempre ser embalados em sacos impermeáveis, ficam em caixão fechado, estando as famílias também proibidas de os abrir.
A DGS determina também normas estritas de higiene e proteção pessoal para quem tenha que manusear o corpo, impondo o uso de material impermeável, máscaras cirúrgicas e óculos de proteção.
Os familiares devem procurar informação sobre o risco potencial de infeção e “cumprir integralmente as orientações recebidas”.
A norma indica detalhadamente como deve ser acondicionado o corpo, como proceder na desinfeção do quarto ou enfermaria e os cuidados a ter pelos profissionais que realizam a autópsia, quando esta é realizada, havendo também neste caso indicações sobre como proceder durante o processo e na desinfeção e limpeza do espaço, quando concluída.
Portugal registou hoje a primeira morte por Covid-19, anunciou a ministra da Saúde, Marta Temido.
Trata-se de um homem de 80 anos, com “várias patologias associadas” que estava internado há vários dias no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, disse a ministra, que transmitiu as condolências à família e amigos.
Há 331 pessoas infetadas até hoje, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Dos casos confirmados, 192 estão a recuperar em casa e 139 estão internados, 18 dos quais em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
O boletim da DGS assinala 2.908 casos suspeitos até hoje, dos quais 374 aguardavam resultado laboratorial.
Das pessoas infetadas em Portugal, três recuperaram.
De acordo com o boletim, há 4.592 contactos em vigilância pelas autoridades de saúde.
Atualmente, há 18 cadeias de transmissão ativas em Portugal, mais quatro do que no domingo.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou uma reunião do Conselho de Estado para quarta-feira, para discutir a eventual decisão de decretar o estado de emergência.
Portugal está em estado de alerta desde sexta-feira, e o Governo colocou os meios de proteção civil e as forças e serviços de segurança em prontidão.
Entre as medidas para conter a pandemia, o Governo suspendeu as atividades letivas presenciais em todas as escolas a partir de hoje, e impôs restrições em estabelecimentos comerciais e transportes, entre outras.
O Governo também anunciou hoje o controlo de fronteiras terrestres com Espanha, passando a existir nove pontos de passagem e exclusivamente destinados para transporte de mercadorias e trabalhadores que tenham que se deslocar por razões profissionais.