O partido esteve este sábado no centro da cidade de Braga, onde em 2019 foi a 10º força política mais votada com pouco mais de 3 mil votos, para um encontro que só começou a aquecer quando dois homens de tambores chegaram ao Arco da Porta Nova, o ponto de encontro onde já se encontravam vários apoiantes do partido à espera do seu líder

Em Braga, Ventura foi recebido com “Grândola Vila Morena” e chamado de “fascista”

O líder do Chega insistiu que não é racista e que o que o seu partido quer é “que os ciganos trabalhem” como “todos os outros”.

Logo no arranque, a arruada foi recebida por um conjunto de pessoas que cantou o “Grândola Vila Morena”.

“Eu tenho medo que aquele senhor seja a terceira força política deste país. As pessoas têm que votar em massa na esquerda porque com aquele partido não vamos a lado nenhum”, disse Silvana, de 47 anos, uma das pessoas que entoou o “Grândola Vila Morena”.

Houve quem rasgasse o folheto do Chega assim que o recebesse ou quem o deitasse para o lixo.

No final da arruada André Ventura, sobe ao palco improvisado para dizer o que viu: “pouca gente nas esplanadas”, “comércio parado”, um sector do comércio e da restauração “entregue a si próprio” e ao qual “o Governo virou as costas”. Além disso, garantiu que Portugal foi dos países da União Europeia que menos dinheiro gastou para apoiar estes sectores durante a pandemia, o que pode ser parcialmente verdade: segundo a Comissão Europeia, em 2020 só a Finlândia alocou menos verbas (em percentagem do PIB) para contrariar os efeitos económicos da crise sanitária. 

O líder do Chega também lembrou que o país perde 8,2 mil milhões de euros por ano devido à corrupção, um número que consta de um relatório publicado pelo grupo parlamentar dos Verdes no parlamento europeu, em 2018. 

Poucos minutos depois, Ventura garante que Portugal “gasta 800 milhões de euros por ano em desperdício em fraude só na saúde”. Não foi possível perguntar ao líder do Chega qual é a fonte deste dado, mas uma pesquisa pela internet mostra que este valor foi calculado por Adalberto Campos Fernandes, o primeiro ministro da Saúde de António Costa, em 2016. “Só naquilo que é a má utilização decorrente de desperdício ou de fraude, nós não temos dúvidas nenhumas em afirmar que, provavelmente, dez por cento do orçamento total da saúde estará perdido nesses domínios”, disse na altura o governante, citado pela TSF.

Depois desta incursão breve pela saúde, Ventura voltou ao tema principal do dia: garantiu que quer o distrito de Braga “na vanguarda do crescimento económico”, e fez uma “promessa” aos seus apoiantes – “O Chega vai lutar num Governo de direita para baixar o IVA da restauração para a taxa mínima” – , antes de afirmar que representa “o partido do trabalho e de quem cria riqueza.”

As palmas que se seguiram foram tímidas e a cantoria do hino nacional também – ao contrário dos pedidos de fotografia a que Ventura acedeu no final do evento. A caravana do Chega seguiu depois para um jantar comício no Porto, onde vai passar o dia de domingo, mas volta à cidade dos Arcebispos já na próxima segunda-feira.