Hospitais públicos pagam mais e têm horário de trabalho menor, diz presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados, a propósito da dificuldade de contratação de enfermeiros para as unidades. Bastonária diz que há muitos enfermeiros emigrados que gostariam de voltar se lhes pagarem melhor.

O presidente da Associação Nacional dos Cuidados Continuados (ANCC), José Bourdain, diz que as unidades geridas pelas organizações sem fins lucrativos nesta área estão a ficar sem enfermeiros porque muitos destes profissionais estão a “fugir” para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), em que “trabalham menos horas e ganham mais”. Para conseguir ter enfermeiros em número suficiente nestas unidades de cuidados continuados, Bourdain propõe que o Governo reponha as 40 horas semanais na função pública ou que “abra o país à imigração”, nomeadamente de brasileiros.

“Não conseguimos competir com o Estado, que paga melhor, dá mais regalias e onde o horário é de apenas 35 horas semanais”, queixa-se o presidente da ANCC, para quem a diminuição do horário semanal na função pública foi “uma enorme irresponsabilidade”, porque o Governo foi obrigado a contratar mais enfermeiros para o SNS, em especial para os hospitais públicos, de forma a colmatar o “buraco” de horas criado. Esta segunda-feira, o Ministério da Saúde anunciou que foi autorizada a contratação de mais 552 enfermeiros para o SNS.

“Esta medida está a fazer com que os hospitais venham recrutar enfermeiros” às unidades de cuidados continuados, “situação que nos tem sido relatada por diversas das nossas associadas as quais estão desesperadas por não terem profissionais suficientes. Há unidades a trabalhar com metade dos enfermeiros necessários. Não temos pessoas para dar medicação, para aspirar os doentes. Há dias em que eles não tomam banho. Os profissionais estão exaustos”, descreve Bourdain, que se queixa também a falta de auxiliares de acção médica.

Alegando que não há enfermeiros suficientes no mercado de trabalho, porque as unidades de cuidados continuados não recebem do Estado “o valor justo para pagar melhores salários” e, assim, estes “ou emigram ou vão trabalhar para os hospitais públicos”, o presidente da ANCC considera que se trata de “uma emergência nacional”.