Com um post no Facebook, o movimento justifica a decisão culpando o governo mas também os cidadãos: “o Povo Português escolheu não fazer nada”.

O fim do movimento”. Este é o título de uma nota no Facebook onde o “Movimento Coletes Amarelos Portugal” (MCAP) declara que cessou atividades.

O texto dispara em todas as direções para justificar a decisão. Por exemplo, os portugueses em geral: “O Povo Português escolheu não fazer nada e nós ao fim de tanto sermos ignorados e alvos de chacota decidimos aceitar o que o Povo escolhe.”

“Quantas vezes os organizadores faltaram ao seu trabalho tirando pão da sua mesa e gastando dinheiro próprio para tentar criar algo em prol do bem de todos e muitas dessas vezes a resposta da esmagadora maioria era “vai mas é trabalhar”, desabafa o autor do texto.

A decisão de auto extinção, segundo o autor da nota, Bruno Miguel Branco, porta-voz do MCAP, foi tomada por unanimidade, ontem.

O porta-voz argumenta também que a “culpa desta decisão” é ainda “do Governo”, que “boicotou” o movimento “de todas as ​​​​​​​maneira”. E que, além disso, “utiliza a Polícia como um escudo para eternizar o seu sistema corrupto”.

Pelo meio, ficam queixas: “Sempre nos esforçámos por lutar pelos que menos têm, exigindo reinvindicações que, a nosso ver, trariam um controlo maior sobre a corrupção, e por outro lado trariam maior justiça social. Por tudo isso, fomos alvo primeiro de Medo, depois de chacota, crítica, conotações a todo o género de extremismos ou Partidos, tudo menos a simples verdade”.

“Lutámos de coração, sem nada pedir em troca por amor a Portugal e ao Povo Português. Por acreditarmos que um estado que supostamente nos deveria servir se serve a si mesmo de forma altiva e jocosa.”

Fica, no entanto, um motivo de orgulho: “No final de tudo, duma coisa temos a certeza, NUNCA nenhuma manifestação na História de Portugal provocou que o Governo coloca-se toda a Polícia disponível na rua. Mal ou bem, fizemos História. Estivemos tão perto…”

O movimento dos Coletes Amarelos nasceu em França em outubro de 2018, sendo originalmente uma organização espontânea desenquadrada das grandes organizações sindicais de protesto contra aumentos dos combustíveis e perda de poder de compra.

Os seus protestos, com forte adesão, caracterizaram-se por muitas ações violentas. Já terão morridos mais de uma dezena de pessoas – na maior parte dos casos vítimas colaterais -, registando-se 2500 feridos nos confrontos com as forças de segurança.

Em Portugal criou-se uma organização sucedânea, a qual convocou para dezembro de 2018 uma manifestação que não teve qualquer mobilização expressiva. O Estado respondeu à iniciativa com um fortíssimo dispositivo policial.