O Governo vai reunir-se esta quarta-feira em Conselho de Ministros para decidir o futuro do país, tendo em conta a situação epidemiológica que se enfrenta atualmente.

Depois de ouvidos os peritos no Infarmed, na sexta-feira, este é o passo que falta para decidir as novas regras que vão reger os portugueses daqui para a frente, numa altura em que os indicadores epidemiológicos têm estado a subir e os acontecimentos do último fim de semana, no Porto, lançaram dúvidas sobre se as medidas seriam aliviadas.

Em cima da mesa nesta reunião deverá estar, entre outros assuntos, a limitação horária para o funcionamento de restaurantes e similares, a limitação de ocupação de espaço (também para a realização de eventos) e ainda a abertura de bares e discotecas.

Para além disso, também a questão do teletrabalho, que para já se mantém obrigatório até 13 de junho, altura em que termina a atual situação de calamidade, deverá ser um dos pontos em debate.

Um outro tema a ser discutido hoje será os Santos Populares, em concreto, as regras que vão ser delineadas para esta altura do ano, segundo explicou ontem a ministra da saúde, Marta Temido.

No que diz respeito ao próximo plano de desconfinamento, a decisão do Governo é para já uma incógnita, uma vez que as opiniões divergem. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem feito pressão para a necessidade de se “voltar à vida”, mas os especialistas, por sua vez, consideram que deve ser mantido o mesmo modelo de risco, sempre com muita cautela.

Resta agora esperar por amanhã para ver o que o Governo vai decidir e quais serão as regras que vão guiar os portugueses neste novo desconfinamento.

O que sugerem os peritos?

Na reunião de sexta-feira, no Infarmed, os peritos reconheceram que, apesar de haver um crescimento da pandemia nesta altura em Portugal, o país mantém-se com uma incidência baixa, com muito poucas mortes e poucos internamentos.

Raquel Duarte, da Universidade do Porto, concordou que deve ser mantido o mesmo modelo de risco, mas propôs a criação de três novos níveis de restrições – A, B e C -, a juntar aos já existentes no plano de desconfinamento.

A responsável explicou que no nível C, a lotação dos restaurantes deve limitar-se a 25%, passando para 50% no B. O nível A é o menos restritivo e só irá requerer o cumprimento das medidas gerais de proteção.

Raquel Duarte sublinhou ainda na mesma ocasião que é “quase unânime” entre os peritos a “manutenção da obrigatoriedade da manutenção das medidas de proteção individual”. O uso da máscara continua a ser encorajado, “sobretudo em ambientes fechados” e a testagem deve manter-se a níveis relevantes.

As medidas sugeridas incluem também uma “ventilação eficaz” dos espaços interiores, bem como um controlo de fronteiras reforçado, para controlar as novas variantes da Covid-19.

Rt estabilizou, mas incidência subiu  

O índice de transmissibilidade (Rt) do coronavírus SARS-Cov-2 em Portugal manteve-se em 1,07 e a taxa de incidência de casos de infeção por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias aumentou para 63,3.

No boletim epidemiológico conjunto da Direção-Geral da Saúde e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) divulgado na segunda-feira (última atualização), os números de Portugal continental revelam que índice de transmissibilidade desceu de 1,07 para 1,06.

A incidência no continente de casos de infeção por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias subiu de 56,0 para 60,4, embora se mantenha inferior ao valor nacional.