A Turquia condenou hoje a queima de um exemplar do Corão em Estocolmo e considerou inaceitável que as autoridades suecas autorizem ações anti-islâmicas a propósito da liberdade de expressão.

Condeno o ato desprezível cometido contra o nosso livro sagrado, o Corão, no primeiro dia de Eid-al-Adha”, a festa do sacrifício, disse o chefe da diplomacia turca, Hakan Fidan.

“É inaceitável permitir estas ações anti-islâmicas sob o pretexto da liberdade de expressão”, afirmou Fidan, citado pela agência francesa AFP.

Fidan, que chefiou os serviços secretos até à posse como ministro dos Negócios Estrangeiros no início de junho, acrescentou que “fechar os olhos a estes atos atrozes equivale a cumplicidade”.

A polícia sueca autorizou uma manifestação durante a qual um homem queimou várias páginas de um exemplar do Corão em frente à maior mesquita de Estocolmo.

Uma provocação semelhante foi feita em janeiro por um militante de extrema-direita, que suscitou protestos em vários países, incluindo na Turquia.

As autoridades turcas continuam a bloquear a ratificação da adesão da Suécia à NATO, aprovada há um ano na cimeira de Madrid.

O protesto de hoje foi o primeiro a ser autorizado pela polícia sueca depois de os tribunais terem anulado uma proibição anterior.

O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, qualificou o ato como uma provocação e admitiu que era “legal, mas não adequado”.

“O meu objetivo é que a Suécia adira à NATO o mais rapidamente possível, porque é importante para a segurança sueca e para a segurança da nossa região”, afirmou.

Na sequência da invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, a Suécia e a Finlândia puseram termo a uma política histórica de não-alinhamento militar e pediram a adesão à NATO.

Os pedidos dos dois países nórdicos foram aceites na cimeira de Madrid, há um ano, após um acordo de última hora com Ancara para levantar o veto turco.

A Finlândia tornou-se o 31.º membro da NATO no início de abril, mas a Suécia ainda está à espera de ultrapassar a relutância turca e húngara.

A Hungria acusa a Suécia de lhe ser hostil no seio da União Europeia (UE) e a Turquia critica o Governo de Estocolmo por não extraditar pessoas que considera terroristas, especialmente do Partido dos Trabalhadores do Curdistão.

Representantes da Suécia e da Turquia vão reunir-se em Bruxelas, em 06 de julho, para conversações sobre a adesão sueca, anunciou na quarta-feira o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg.

A Aliança Atlântica, que realiza uma cimeira em Vílnius em 11 e 12 de julho, espera que o veto seja levantado nessa ocasião.