O Kremlin afirmou hoje que não foram alcançados “acordos concretos” entre a Rússia e o Vaticano sobre a “paz na Ucrânia” depois das conversações estabelecidas na quarta-feira entre o assessor da Presidência russa e o enviado do Papa Francisco.
Nos contactos “trocaram-se opiniões e informações sobre questões humanitárias no contexto dos assuntos ucranianos, mas não se alcançaram decisões ou acordos concretos”, disse hoje à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
O cardeal italiano Matteo Zuppi, enviado do Vaticano, encontrou-se na quarta-feira com Yuri Ushakov, assessor da Presidência russa para os Negócios Estrangeiros, e deve encontrar-se hoje com o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Cirilo.
A visita do cardeal Zuppi a Moscovo ocorre três semanas após a sua deslocação a Kiev, onde se reuniu com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
O chefe de Estado ucraniano disse então ao enviado do Papa Francisco que Kiev só aceita um acordo que preveja a retirada russa dos territórios ucranianos.
As perspetivas de mediação são escassas nesta altura já que, por um lado, a Rússia acusa Kiev de rejeitar negociações, e, por outro lado, Zelensky reitera que Moscovo tem de retirar-se de todos os territórios ucranianos, incluindo da península da Crimeia, ocupada desde 2014 pelas forças russas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, disse recentemente que a Rússia mantém os objetivos da “operação militar especial” no território ucraniano, designação oficial russa sobre a invasão da Ucrânia.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro do ano passado, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).