A jovem foi levada para a casa da agressora com 12 anos. Janaína dos Santos, agora com 27 anos, confessa que tem vontade de voltar a estudar.

Um juiz negou a prisão domiciliária a uma mulher que terá deixado uma jovem em situação análoga à escravatura durante 15 anos, em Teresina, no estado brasileiro de Piauí.

Segundo o que avançam as publicações brasileiras, a agressora, Francisca Danielly Mesquita Medeiros, foi detida na terça-feira, depois de a denúncia de que esta mantinha uma jovem, de 27 anos, em cativeiro e numa situação semelhante a escravatura ter sido denunciada às autoridades.

O pedido para que a mulher aguardasse em prisão domiciliária foi feito, alegando o advogado que esta tinha a seu cargo dois filhos, um deles com autismo. De acordo com o juiz, isso não foi provado, tendo sido apenas entregues neste âmbito as certidões de nascimento dos filhos, assim como alguns atestados médicos.

O g1 conta que a jovem, agora com 27 anos, vivia em Chapadinha, no Maranhão, no estado brasileiro do Maranhão, quando, aos 12 anos, foi tirada da casa dos pais para passar uns dias com a madrinha. A criança foi para a residência de Francisca Medeiros, onde foi sujeita a agressões, ameaças, trabalho e privação de liberdade.

“Nunca recebi salário, sempre vivi sem ajuda, nem para comprar roupa, ela não me pagava um centavo. [Para comprar produtos de higiene pessoal] eu pedia ao companheiro dela, ele me dava dinheiro para eu comprar. Eu recebia tudo usado, ela só me dava quando não prestava mais”, explicou a jovem.

Janaína dos Santos referiu ainda que, para além de se sentir sozinha e das situações de violência, nunca ia ao médico – nem mesmo ao ginecologista.

Contando que houve uma vez em que sofreu uma crise renal, com dores intensas, Janaína dos Santos explicou que foi medicada pela agressora. “Ela dava-me uma dipirona para eu me sentir bem, mas no médico nunca fui”, garantiu.

Em Teresina, a jovem também nunca foi à escola – que frequentava quando vivia em casa dos pais. Agora, tem vontade de retomar os estudos.

O caso está a ser investigado pela Polícia Civil do estado, que deverá concluir o inquérito nos próximos dias.